Tiara Rainha, de Barra Longa, e Velha Aroeira, de Porto Firme ganham reconhecimento em concurso, em Bruxelas
16/06/14 às 14:00 - Por: William MonteitoDuas cachaças mineiras, integrantes do projeto Origem Minas, do Sebrae Minas, conquistaram medalhas no Spirits Selection – Concurso Mundial de Bruxelas, uma das mais prestigiadas competições de bebidas do mundo, realizada nos dias 6, 7 e 8 de junho, no Costão do Santinho, em Florianópolis, Santa Catarina. A Tiara Rainha, de Barra Longa, conquistou Medalha de Ouro, enquanto que a Velha Aroeira, de Porto Firme, levou a Medalha de Prata.
Tiara Rainha
A Tiara Rainha é uma cachaça fabricada desde 1940, 100% artesanal, envelhecida por três anos em tonéis de carvalho e jequitibá. De acordo com o proprietário, Juliano Siqueira, neto do fundador, a emoção de ganhar o prêmio é indescritível. “Vimos trabalhando ano a ano para melhorar a qualidade da nossa bebida, contando, inclusive, com o respaldo técnico da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). E esta medalha é o coroamento deste esforço”, descreve.
Focado na melhoria do seu produto, Siqueira não atentou, a princípio, para duas felizes coincidências que, de certa forma, levaram sua cachaça à glória. A primeira foi em 2012, quando andava pelos corredores pela Feira da Amis (Associação Mineira de Supermercados, que incluía o setor de cachaçaria), no Expominas, em Belo Horizonte. “De repente, me deparei com o estande do Origem Minas, do Sebrae, entrei, fiquei conhecendo o pessoal e vinculei minha empresa ao projeto. Isto foi muito importante para dar visibilidade ao negócio”. O segundo acaso se deu em virtude do concurso de Bruxelas: “Foi minha esposa quem nos inscreveu e enviou amostra da Tiara Rainha. Eu, na verdade, nem fiquei sabendo anteriormente”, ri.
A amostra enviada concorreu com outras duas centenas de todo o país e passou pelo crivo de 55 jurados, de 15 países. As degustações foram “às cegas” (o júri não sabia de antemão o nome da cachaça, identificada apenas por números) e duraram três dias. A Tiara tem outras duas “irmãs”, produzidas com cana e maquinário exclusivos, nas terras da família Siqueira. Além da Rainha, há a versão Tradicional e a edição especial Caboclo d´Água (em alusão a um fictício ser mitológico que, diz a lenda, perambula pelas bandas de Barra Longa). A produção anual é de 80 mil litros, a cargo de cinco funcionários fixos (na safra vêm muitos temporários).
Velha Aroeira
Maratona semelhante foi enfrentada pela Medalha de Prata Velha Aroeira, também guardada por três anos em tonéis de carvalho, 100% artesanal e sustentável, produzida numa fazenda no município de Porto Firme, na Zona da Mata mineira. “Nossos canaviais não recebem agrotóxico, nossa cana não é queimada e nosso fermento é fabricado na própria fazenda”, explica Mário Finelli, um dos sócios-proprietários da “branquinha” medalhista.
Batizada, em 1990, com o pitorescamente mineiro título de “Si sobrá nóis vendi”, depois Aroeirinha e, agora, Velha Aroeira, a cachaça já nasceu vencedora. Tão logo atingiu o ponto ideal de envelhecimento, em 1993, venceu o concurso da Associação Mineira dos Produtores de Aguardente de Qualidade (Ampaq), feito repetido em 1995. Finelli lembra que a Aroeirinha ainda existe e que a Si sobrá... prepara sua volta ao mercado, em grande estilo.
Conquistar mercado, por sinal, é atualmente a principal prioridade dos donos da Velha Aroeira. Segundo Finelli, o Origem Minas do Sebrae é aliado imprescindível neste processo. “O Origem é um grande projeto, de uma grande instituição, o Sebrae, que muito pode ajudar, principalmente a nós, pequenos produtores”. O empreendedor ressalta que foi o Origem Minas o “culpado” pelo prêmio conquistado (“foi pelo Origem que soubemos deste concurso”). A fazenda de Porto Firme produz 40 mil litros por ano e abriga seis empregados.
Origem Minas
Criado pelo Sebrae Minas, em agosto de 2012, em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária/MG (Faemg) e Governo Estadual, o Origem Minas tem algumas finalidades bem definidas: divulgar e valorizar o agronegócio mineiro; desenvolver estratégias de capacitação, promoção e comunicação para produtos-chave que possam representar o setor nos diversos mercados mundo afora; criar oportunidades de negócios e de fortalecimento de relações com compradores nacionais e estrangeiros para toda a cadeia produtiva.
O concurso de Bruxelas
O Spirits Selection (seleção de destilados), também conhecido como Concurso Mundial de Bruxelas 2014, foi realizado pela primeira vez em um país da América Latina, aproveitando a realização do torneio de seleções de futebol que ocorre no Brasil. Foram exibidas mais de mil amostras de destilados de todo o mundo – além das cachaças (203 marcas), uísques, tequilas, conhaques, grapas, piscos e outros.
Criado há 20 anos como um certame para procurar os melhores vinhos do mundo, o Concurso diversificou-se e hoje premia outros destilados, como a brasileiríssima cachaça. A ambição principal do belga “Concours Mondial de Bruxelles” é proporcionar ao consumidor a certeza de que ele irá sorver bebidas de qualidade irrepreensível. Os juízes têm experiência comprovada e oThe organisers provide tasting conditions of the highest standard and have invested unsparingly in post-event checks of award-winning wines.s organizadores oferecem condições de degustação do mais alto padrão.