A HISTÓRIA Há quem diga que a cachaça Ypióca é provavelmente a cachaça mais antiga ainda em produção no Brasil. A empresa surgiu com a vinda de Dario Telles de Menezes de Portugal em 1843. Ele e sua família desembarcaram no Ceará e logo adquiriram uma propriedade a 38 km da capital e a 6 km da Vila de Maranguape, entre a serra da Aratanha e a de Maranguape, local conhecido pelo nome de Ypióca, que em tupi-guarani significa terra-roxa. Os primeiros cultivos estavam dando prejuízo e Dario Telles de Menezes resolveu produzir cachaça, já que havia trazido de Portugal um pequeno alambique com a capacidade de produção de 30 litros por dia. Inicialmente, em 1844, foi preparado, utilizando-se apenas enxada, um hectare para o plantio da cana. Em 1846 foi destilado o primeiro litro de cachaça Ypióca. Aproximadamente 40 anos se passam com a produção da cachaça de maneira artesanal, sendo produzida principalmente por escravos até 1885 em que, com o movimento abolicionista, foram substituídos por trabalhadores livres. A propriedade é transferida para o filho Dario Borges Telles em 1895. Até então a distribuição da bebida era feita em pequenos barris carregados em lombo de jumento e vendida no comércio das redondezas do sítio. A primeira providência do novo presidente foi adquirir moenda horizontal de ferro fundido, em substituição à vertical de madeira. Logo depois inicia-se o envasamento da Ypióca em garrafas de vidro de 600 ml. Isso foi positivo para empresa, possibilitando o aumento da produção para mais de 300 litros por dia. Dario casa-se em 1903 com Eugênia Menescal Campos. Vindo a falecer em 1911, sua esposa, Dona Eugênia, assume a direção da empresa e desenvolve o primeiro rótulo da Ypióca. O desenho desenvolvido na época é o mesmo que podemos ver nos rótulos da cachaça até hoje. Mas foi com Paulo Campos Telles, filho mais velho de Dario e Eugênia, que a empresa teve um grande salto de crescimento. Aos 14 anos foi morar em Fortaleza para estudar. Durante o dia era balconista em uma loja de ferragens e estudava à noite, visitando a agora Fazenda Ypióca nos fins de semana. Percebeu que a situação da empresa não ia bem e ao 18 anos resolveu abandonar os estudos e ajudar. Sua primeira providência para implementar o faturamento foi preparar e vender toras de madeira, uma vez que, na época, a maioria dos fogões eram movidos a lenha na região. O empreendimento foi um sucesso, tanto que logo já estava vendendo madeira até em Fortaleza. Este novo empreendimento permitiu liquidar todas as dívidas e ainda sobrava algum dinheiro em caixa. As áreas de onde tinham cortado as árvores foram logo sendo plantadas com mais cana de açúcar. Em 1931 a produção da cachaça chegou a 120.000 litros, um recorde. Com grande faro para negócios, Paulo aumentou a distribuição da Ypióca para diversas regiões do pais, pensando em novos rótulos (sempre seguindo o logotipo criado por sua mãe) . Tentou implementar a ideia de que a bebida seria um produto a ser apreciado por sua qualidade, alçando-a ao posto de "Uísque Brasileiro", condicionado sua produção ao envelhecimento em tonéis de Bálsamo a partir de 1924. Paulo foi eleito prefeito de Maranguape em 1936 e em 1941 casa-se com Maria Augusta Ferreira, sendo que o filho, Everardo Ferreira Telles, nasceu em 1943. Paulo Campos introduziu outras inovações como a embalagem em litro, revestida com palha de carnaúba e com bico conta gotas. Além da distribuição de lenha também criou gado e cultivou arroz, feijão e milho tanto para o consumo como para venda. Durante a II Guerra Mundial abastece com frutas e legumes o exército norte americano sediado na Base Aérea do Pici, em Fortaleza. Nos anos 50 investiu forte no marketing de seu produto criando diversos Slogans que ficaram famosos, como por exemplo "No bar, no Lar, em todo lugar. Ypióca". Sendo um comerciante visionário, ele queria alcançar não só todo o mercado nacional mas também o do resto do mundo. Dito e feito. A primeira exportação oficial de cachaça do Brasil, em 1968, foi também efetuada durante sua gestão. O crescimento da empresa foi tão grande na região que em 1949 haviam 30 produtores de cachaça em Maranguape e em 1996 apenas a Ypióca havia sobrado. Paulo continuou cuidando dos negócio até a os 65 anos, em 1970 quando passa os negócios para seu filho Everardo. Em 1978, aos 73 anos, Paulo falece. Em 1970 Everardo Ferreira Telles, que se formara como engenheiro agronônomo, assumiu a direção do grupo como representante da 4ª geração da família a administrar a empresa. Além de inaugurar novas destilarias na década de 1980, diversificou o campo de atuação e na década de 1990 implantou uma fábrica de papel e papelão em 1992, utilizando como matéria prima bagaço de cana e papel reciclado em Pindoretama-CE e também inaugurou empresa de engarrafamento de água mineral em 1993, a Naturágua, localizada em Lagoa Redonda, Fortaleza. Em 1996 inaugurou fábrica de garrafas PET e PVC. Em seguida implantou a BRFish, atuando na cadeia produtiva de tilápia com a capacidade de produção de 60 toneladas/mês de tilápia, 4.000.000/mês de alevinos e 1.000 toneladas/mês de ração extrusada. Atualmente ele figura como conselheiro do Instituto Brasileiro de Cachaça. O Grupo Ypióca organiza o museu da cachaça que residia na antiga fazenda da familia Telles, no ceará. Porém no ano de 2012 a fazenda foi vendida a um grupo estrangeiro, a Diageo, multinacional detentora das marcas Smirnoff, Johnnie Walker, José Cuervo e Nêga Fulô, iniciando uma nova fase na vida da empresa e da cachaça que atualmente é produzida de maneria industrial por todo país. |
UMA TRADIÇÃO FAMILIAR A Ypióca é conhecida no Brasil e no exterior por seus produtos tão tradicionais quanto inovadores, de alta qualidade e sabores inigualáveis. São ao todo uma fábrica localizada em Paraipaba/CE, uma engarrafadora em Fortaleza/CE e um centro de distribuição em Guarulhos/SP, capazes de produzir mais de 120 milhões de litros de aguardente por ano. Por trás desses números expressivos, existe uma história de mais de um século, que começa em 1846. Nessa data, o imigrante português Dario Telles de Menezes, que chegara havia apenas três anos ao Brasil, iniciou a produção de cachaça Ypióca no país. Seu conhecimento foi sendo transmitido de pai para filho. Conheça a fantástica jornada desse grupo, o mais tradicional e antigo do setor privado do Brasil. |
PRIMEIRA GERAÇÃO Em 1843, desembarcava em Fortaleza (CE) o português Dario Telles de Menezes, que, com apenas 17 anos de idade, chegou aqui carregando sua bagagem e um pequeno alambique de cerâmica. Decidido a ingressar no meio agrícola, Dario se instalou próximo a Maranguape, lugarejo então pertencente a Fortaleza, na propriedade Ypióca, que significa terra roxa em tupi-guarani. Em 1846, com o pequeno alambique em mãos, destilou o primeiro litro de cachaça. Oito anos mais tarde, ele deu início à construção de sua casa, na sede do sítio – hoje o Y-Park. Aos 69 anos, Dario decidiu passar os negócios para seu primogênito, que herdou também o seu nome. Tal fato, ocorrido em 1895, marcou o início da bem-sucedida sucessão familiar na empresa, que, na época, já produzia 300 litros de aguardente por dia. Armazenada em barris, a bebida era transportada em pequenos barris em lombo de jumento e vendida a granel nas redondezas do sítio Ypióca. |
SEGUNDA GERAÇÃO Assim que assumiu o negócio do pai, em 1895, Dario Borges Telles tratou de adquirir um engenho de ferro fundido, o que permitiu o aumento da produção da cachaça. Outro marco importante foi o engarrafamento da bebida, que deixou de ser vendida a granel e se tornou disponível em garrafas de 600 ml. Aos 23 anos, Dario se casou com Eugênia Menescal Campos. Oito anos mais tarde, o jovem empreendedor faleceu prematuramente. A viúva, então, tomou as rédeas do comando do sítio, tornando-se a única mulher a encabeçar os negócios do Grupo em mais de 160 anos de história. Dona Eugênia conseguiu ser bem-sucedida na continuação dos projetos do marido. Criativa, desenvolveu o primeiro rótulo da garrafa Ypióca, feito de próprio punho. Tanto as letras em preto e vermelho quanto os traços do desenho original são os mesmos até hoje. Durante 13 anos, ela se dividiu entre os cuidados da família e o trabalho, para consolidar no mercado a bebida, que, naquela época, já se tornara conhecida na região. Enfrentou com coragem catástrofes como os incêndios que castigaram as plantações de cana-de-açúcar da região, no começo do século XX. |
TERCEIRA GERAÇÃO Para poupar a mãe do trabalho pesado da fazenda, Paulo Campos, o primogênito de dona Eugênia, assumiu o comando da companhia em 1924, aos 18 anos. "A senhora terá a vida que merece", disse-lhe. E dela ouviu uma frase que o acompanharia a vida toda: "Entregarei nas tuas mãos tudo que nos pertence, tudo o que teu pai nos deixou, porque confio em ti." O primogênito deixou o emprego de balconista numa loja de ferragens em Fortaleza, suspendeu a matrícula da escola e enveredou pela missão que a vida lhe reservara. Autodidata, mostrou que tinha tino para os negócios. Sob sua direção, a indústria atingiu a produção recorde de 120 mil litros de aguardente, em 1931. Nos anos 50, Paulo tornou-se um verdadeiro "homem de marketing". Ao longo de seus 46 anos na companhia, criou novos desenhos para o rótulo da cachaça, assim como slogans famosos, a exemplo de "No lar, no bar, em todo lugar. Ypióca". Foi dele também a ideia de reposicionar a cachaça como uma bebida apreciada por sua qualidade, alçando-a ao posto de "uísque nacional". Para tanto, passou a condicioná-la em tonéis de madeira de bálsamo, a fim de promover o processo de envelhecimento. |
QUINTA GERAÇÃO A Diageo concluiu o processo de aquisição da divisão de bebidas alcoólicas da YPIÓCA e assume o comando da empresa. Agora, a YPIÓCA faz parte do Grupo Diageo, líder mundial no segmento de bebidas alcoólicas premium. A homologação foi anunciada para todos os funcionários da Ypióca dia 13 de agosto, nas unidades de Messejana, em Fortaleza (CE), Paraipaba, no interior do Estado, e no Centro de Distribuição, em Guarulhos. Dentro do novo formato organizacional, o brasileiro Renato Gonzalez assume como gerente geral da operação da YPIÓCA. O executivo vem de uma sólida carreira internacional construída na Diageo, com passagens por importantes praças como Jamaica, México e Holanda. Com a aquisição, a Diageo passa a ter sua própria destilaria no país e acrescenta mais 700 funcionários às suas operações no Brasil. |